O mapa do mercado


Divulgação
Hotel Accor: plano especial de expansão da rede para o mercado brasileiro
Por Vinícius Romanini

Nos anos 90, quando o sistema de franquias começou a crescer no Brasil, muitos empreendedores acreditavam que o então novo modelo de negócio era fácil e sem riscos. Numa novela dessa época, uma personagem encarregada do merchandising de uma marca de cosméticos dizia uma frase simbólica daqueles tempos: "O negócio é tão bom que eu nem preciso apare cer por lá". Hoje, depois que muita gente quebrou a cara e várias marcas sumiram para sempre, sabe-se que esse mito da gestão in visível não tem nada a ver com franquias bem-sucedidas -- e que é fundamental, sim, que o franqueado não só apareça, como também assuma o controle do negócio, mantenha-se bem informado e busque um padrão de qualidade que satisfaça consumidores cada vez mais exigentes.

Onde estão as franqueadoras
Distribuição geográfica das redes de franquia no mercado brasileiro
Sudeste
75%
Sul
17%
Nordeste
6%
Centro-Oeste
2%

Essa é uma das conclusões a que se pode chegar com o mais recente levantamento sobre o setor, preparado pela Rizzo Franchise, do consultor Marcus Rizzo. A pesquisa traça um diagrama da evolução do mercado de franquias brasileiro dos últimos dez anos -- e é o retrato de um setor que continua aquecido e cheio de oportunidades. No ano passado, quando os dados foram recolhidos, o Brasil ocupava o quarto lugar no ranking mundial dos países que adotam o sistema de franquias, seja no número de marcas disponíveis (1 109), seja na quantidade de pontos franqueados (97 904). A tendência, mostrou o estudo, é o crescimento continuar acelerado pelo menos nos próximos cinco anos, principalmente com a maior inserção do país no comércio globalizado. "Novas marcas devem chegar ao Brasil, e também marcas brasileiras começam a abrir franquias no exterior", diz Rizzo.

Um exemplo desse crescimento está no plano de expansão da rede francesa de hotéis Accor, que criou um modelo especial para o mercado brasileiro. Para as suas franquias, a Accor priorizou a marca Ibis, que atende a faixa econômica. Já são oito hotéis franqueados e, nos próximos anos, a Accor pretende construir outras 100 unidades Ibis, sempre em cidades de porte médio, onde a rede ainda não está presente. Nessas localidades menores, os hotéis poderão ter até 60 apartamentos (atualmente, nas capitais, as filiais Ibis são construídas com pelo menos 80), o que reduzirá o investimento inicial exigido, em torno de 5 milhões de reais. "Esse é um modelo pensado para a realidade brasileira e para o tipo de investidor que queremos atingir no interior do país", afirma Alberto Martins Ribeiro, diretor de desenvolvimento da Accor no Brasil.

A pesquisa da Rizzo Franchise mostrou que as franquias no setor de hotelaria e turismo cresceram 19% nos últimos dez anos. Mas nem todos os setores se comportaram bem. Aqueles que foram os responsáveis pela primeira onda de expansão, como o de vestuário e o de alimentação, incluindo as cadeias de fast food, registraram queda. Os ligados a saúde, beleza, educação e moda, além de hotelaria, é que têm ganhado a preferência dos empreendedores.

O ranking mundial
Os países que mais adotam o sistema de franquia
Em número de empresas franqueadoras(1)
1
Estados Unidos
1500
2
Canadá
1327
3
Coréia do Sul
1300
4
Brasil
1109
5
Japão
1000
6
Alemanha
950
7
França
765
8
Austrália
747
9
Reino Unido
642
10
Itália
536
Em número de pontos franqueados(1)
1
Estados Unidos
760 000
2
Japão
198 328
3
Coréia do Sul
120 000
4
Brasil
97 904
5
Canadá
63 642
6
Austrália
49 400
7
Alemanha
49 000
8
Espanha
40 484
9
Taiwan
38 433
10
Reino Unido
35 200

Isso não significa que essas mudanças sejam reflexo de um sucesso maior ou menor dos franqueados que abrem lojas num desses setores -- o estudo mostra apenas o que aumentou e o que diminuiu, e não o que foi mais ou menos rentável. Veja, por exemplo, o que houve com as franquias de saúde e beleza, recordistas com 69% de crescimento entre 1995 e 2004. O levantamento mostrou que o setor foi também o que apresentou um dos maiores índices de quebradeira, em razão justamente do crescimento exagerado e do amadorismo com que algumas marcas foram colocadas no mercado. O setor de educação e treinamento, que experimentou crescimento de 57%, também pode ser uma oportunidade ou uma armadilha. "Boa parte dessas franquias funciona como gráfica produtora de apostilas para quem está desesperado para passar num concurso", diz Rizzo. "Mas é por isso mesmo que há espaço para quem apostar num serviço de qualidade."

Na outra ponta, o setor automotivo, que oferece peças, acessórios e assistência técnica, encolheu 15% na última década -- mas Rizzo acha que há muito espaço para crescer devido à dificuldade de encontrar redes que ofereçam uma boa equação entre qualidade e preço. "Hoje é preciso escolher entre a assistência técnica da concessionária e as oficinas da esquina", afirma Rizzo.

Uma importante mudança detectada no estudo é a gradual transformação que vem ocorrendo no modelo de negócio do setor. Em 1995, mais de 80% das franquias brasileiras eram do tipo "marca e produto" -- a iniciativa de abrir uma rede de lojas franqueadas vinha de uma empresa que via no sistema uma forma de entrar em novos canais de distribuição. "Na primeira fase, a indústria franqueadora ganhava dinheiro empurrando seus produtos ao franqueado, que precisava se virar para vendê-los ao consumidor final", diz Rizzo.

Hoje, esse modelo está sendo aos poucos substituído pelo "negócio formatado" -- nele, o franqueador é sobretudo um fornecedor de know how. Cerca de metade das franquias atuais funciona dessa forma, incluindo a quase totalidade das franquias de marcas estrangeiras. No novo modelo, o franqueado tem à disposição uma rede de fornecedores autorizados pelo franqueador -- que entra com a marca, treinamento e estratégias de conquista de mercado. Os royalties são pagos pelo franqueado não mais na compra dos produtos ou serviços. Somente quando esses produtos ou serviços são adquiridos pelo consumidor final é que o franqueador recebe a sua parte. "Isso faz com que as relações entre os dois lados fiquem mais tranqüilas e transparentes", diz Rizzo. Exemplos de empresas que funcionam no sistema de negócio formatado são as redes americanas McDonald's e Blockbuster, ambas líderes em seus setores.

Para cima...
Setores que mais cresceram entre 1995 e 2004(1)
Saúde e beleza
69%
Educação e treinamento
57%
Acessórios pessoais(2)
32%
Hotelaria e turismo
19%
Serviços
16%
...e para baixo
Setores que mais encolheram entre 1995 e 2004(1)
Vestuário
51%
Alimentação especializada
36%
Fast food
23%
Automotivo
15%
Fotografia e gráfica
12%
(1) Em número de franqueadores
(2) Lojas de calçados, jóias e bijuterias e malas e bolsas
Fonte: Rizzo Franchise

De novo, é preciso não tomar uma tendência considerada saudável pelos especialistas como regra. Empresas que ainda atuam no esquema antigo, mas também oferecem seu know how ao franqueado, podem manter a competitividade. Uma das pioneiras, a rede O Boticário continua a operar no sistema de marca e produto. Isso nunca foi um impedimento para a expansão da rede, que já tem mais de 2 300 lojas no Brasil e começa a dar seus primeiros passos no exterior. "O bom é que, depois de todos esses anos, os franqueados brasileiros amadureceram bastante", afirma Rizzo. "Eles buscam informações, calculam riscos e fazem exigências. Nesse sentido, os franqueados evoluíram mais que os franqueadores, obrigando o sistema de franquias como um todo a evoluir junto."

Franquias em números
Alguns dos principais indicadores do mercado de franchising no Brasil no ano passado
1 109 marcas 97 904 franquias
115 000 reais é o investimento médio de instalação de uma franquia 23 meses é o tempo médio de retorno do investimento
Fonte: Rizzo Franchise


Fonte: Revista EXAME - 25.10.2005 ]
[

Exibir perfil do(a) Wise Consultoria em Gestão de Negócios Ltda no Ariba Discovery

Exibir perfil do(a) Wise Consultoria e Ass. em Administração Empresarial Ltda no Ariba Discovery

Av. Jaime Ribeiro da Luz, 971 - Sala 04 - Sta. Mônica - Uberlândia-MG - 38408-188    • 34 3214 4745 • CDN BUSINESS CENTER - Wise Consultoria em Gestão de Negócios Ltda - CNPJ: 06.313.059/0001-16